O presente texto tem como objetivo
relatar sucintamente os momentos que procederam a Revolução Constitucionalista
de 1932, em Cunha. Há, também, nestes relatos, depoimentos de pessoas que
vivenciaram os primeiros combates entre as forças legalistas e
constitucionalista em solo cunhense.
Por outro lado, através de pesquisas em
livros específicos sobre a Revolução Constitucionalista, em Cunha, tenta-se
mostrar a estratégia dos combates, os batalhões que formaram as tropas
envolvidas nesse conflito cruento, bem como a estrutura que se pôde observar da
defesa das forças constitucionalistas em Cunha.
Constam, também, neste texto, o
episódio relacionado à morte de Paulo Virgínio – mártir e herói cunhense -,ocorrida
durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
No que tange à literatura oral, há
registros de trovas populares que traduzem não só o próprio movimento
revolucionário em Cunha, como o desenrolar dos acontecimentos que culminaram no
martírio e morte de Paulo Virgínio.
Origens:
A Revolução de 1930 caracterizou-se por
um movimento social, com apoio militar, que destituiu o Presidente Washington
Luís e impediu a posse do então Presidente eleito, Sr. Júlio Prestes. Assumiu o
governo o Sr. Getúlio Vargas, que suspendeu a Constituição de 1891.
O tempo passava, e o Presidente
provisório não promulgava a nova Constituição Brasileira.
O Estado de São Paulo foi o melhor que
canalizou e organizou a agitação popular em torno da causa da constituição.
O plano original, que previa a ofensiva
sobre o Distrito Federal para depor o Presidente da República, teve de ser alterado
para a defesa das fronteiras paulistas, uma vez que não houve a prometida
adesão do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
O INÍCIO DAS FORÇAS LEGALISTAS EM CUNHA
1 – 12/07/1932
Batalhão da Marinha chega a Paraty à noite. (Scout
“Rio Grande do Sul”). Deslocam-se em seguida para a serra de Paraty e se
estabelece no Taboão – comando do capitão – tenente Augusto A. Peixoto.
2 – 13/07/1932
O Delegado de Cunha mais dois acompanhantes vão de
carro à serra de Paraty averiguar a presença de soldados legalistas e são
presos. Informam que Cunha está desguarnecida.
Na mesma noite um oficial e mais oito
homens seguem para Cunha para destruir a linha telefônica e elementos de
comunicação. Era a patrulha de reconhecimento.
Nessa noite a patrulha de
reconhecimento entre o “Morro do Apertado” e o atual “Filtro” atiram em
Benedito Firmino – estafeta que fazia a correspondência de correio entre Cunha
e Paraty. Ferido, ainda atira no escuro e acerta dois soldados da Marinha.
Amedrontados com os tiros a esmo da população, retrocedem nessa noite, temendo
ser força paulista.
Verificando que não havia mesmo força
paulista, os oito fuzileiros e o oficial, ainda no carro que tomaram do
delegado, chegam à cidade na noite do dia 14/07. Nessa noite prendem o prefeito
– Antonio Carlos Freire – e Sr. Juiz – Dr. Pedro Martha, soltam os presos e
danificam o telefone, antes, porém, o juiz tentou se comunicar pelo telefone
com a delegacia; no entanto, o telefone estava avariado, porém, Guaratinguetá
já havia sido avisada da presença de tropas ditoriais no Taboão, em Cunha, por
um motorista de caminhão leiteiro, que às pressas fora avisar Guaratinguetá – e
que fazia a linha de leiteiro nesse percurso.
Coincidentemente, por sorte de Cunha,
na mesma noite em que chegou a patrulha de marinheiros – que prendeu as
autoridades – surge um caminhão com voluntários de Guaratinguetá, dando tiros a
esmo e amedrontando os soldados.
Nesse momento, Dr. Pedro Martha grita
aos rapazes: “ – Atirem! Estou preso! São soldados do Getúlio!
José Limonge – um dos rapazes – simula
voz de comando e diz aos companheiros : Tragam a metralhadora! Arraste para cá!
E todos deitados no caminhão, davam muitos tiros.
Confusão total. Os fuzileiros tomam
posição e há grande tiroteio. E finalmente retiraram-se, destruindo telefone e
permanecendo dois soldados presos.
Na mesma noite, instalam um outro
telefone no muro do Cemitério e conseguiram falar com o delegado de
Guaratinguetá – Dr. Venâncio Ayres; e no dia seguinte – 15/07, chegaram as
forças de apoio.
FECHO EM CUNHA
1- Tenente Assis Brasil e Tenente Zerbini – 100 homens
viriam de Ubatuba para atacar Divino Mestre pela retaguarda.
2- Tenente Lacorte com 200 homens – 4º. BC, Batalhão
Arquidiocesano viria de Lagoinha para atacar Usina pela retaguarda – 54 km.
3- De Campos de Cunha ( 32 km ) Tenente Meireles, 4º BC
da Força Pública com 250 homens atacariam os francos direitos pela retaguarda,
junto com tropas policiais estaduais e voluntários legalistas.
4- 100 homens protegiam flanco direito.
5- 900 homens era a guarnição de Cunha.
6- Canhão 75 mm.
7- O objetivo era o Divino Mestre.
8- Todas as tropas legalistas afastaram-se para o Taboão,
Paraty, etc.
9- 26 de agosto, muda-se o comando – capitão Nelson de
Mello pelo Capitão tenente Augusto do Amaral Peixoto, que reestuda o terreno e
reorganiza os efetivos.
ESTRUTURA DAS DEFESAS
CUNHENSES
Reduto ( Início do grande morro ) : Tenente Abílio Cunha Pinto e Tenente Wladimir
Bouças.
Usina: Tenente Meirelles e
Tenente Jorge Aguiar.
Comando Geral : Coronel Mário da
Veiga Abreu – Guaratinguetá.
Comando em Cunha : Major
Virgílio Ribeiro dos Santos da F. Pública.
PAULO VIRGÍNIO
Paulo
Gonçalves dos Santos – 26/09/1897
Viúva
: Juventina Maria de Jesus
Pai
: Virgínio Gonçalves dos Santos
Mãe
: Maria José de Jesus
Filhos
: José, Virgílio, Júlia e Clotilde ( morta na revolução )
Prisão
: 4:00 da tarde de 27/07
Morte
: 28/07/1932 da manhã
Autores : Tenente Juvenal Bezerra Monteiro
Sargentos : Roque Eugênio de Oliveira.
Ascendino Paiva e Fuzileiro Raimundo Jerônimo.
.....continua
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